quarta-feira, outubro 01, 2008

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sexta-feira, agosto 15, 2008

Teoria "Dessugestiva" do Dr. Lozanov

Teoria Dessugestiva
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sábado, março 31, 2007

Fichas de Avaliação Integradas - Questões de Desenvolvimento & Questões Electrónicas

Utopia ou Realidade?

Barata, L.(1)

1. Introdução

As fichas de avaliação são instrumentos que poucos professores dispensam, são praticamente inevitáveis. Reflectindo um pouco sobre a sua utilização, podemos colocar algumas questões: Há quantos anos se utilizam as fichas de avaliação? Como transformar uma ficha de avaliação numa ficha formativa? O que aprendem os alunos durante as fichas de avaliação? Como evoluíram as fichas de avaliação? Que competências avaliam as fichas de avaliação?
Partindo desta desconcertante insatisfação, podemos procurar novas formas avaliar e de dar feedback ao trabalho do aluno. Para além disso, estamos numa era em que o tempo do professor, mais que nunca, tem que ser bem rentabilizado para conseguir pesquisar, actualizar-se, planificar, criar documentos, participar nas actividades, sem deixar de cumprir o cada vez mais alargado horário a passar na escola.
É neste panorama que as fichas de avaliação auto-corrigíveis podem surgir como uma alternativa. Note-se que não é uma ideia de todo pioneira, por exemplo o exame de código da estrada já há muito tempo é realizado nestes moldes ou, por exemplo, nalgumas universidades, já se utilizam testes de escolha múltipla realizados de forma mais frequente para avaliar os alunos como complemento dos exames finais.
O objectivo deste artigo é apresentar uma modalidade de ficha de avaliação realizada no computador compatível com a utilização real nas escolas portuguesas, explorar as vantagens e desvantagens deste método de avaliação, desmistificando algumas ideias que a poderiam inviabilizar à partida.

2. Fichas de avaliação integradas: uma proposta diferente

Quando se fala em fichas de avaliação auto-corrigíveis, a maioria das pessoas pensa nos “testes americanos” ou nas “questões de cruzes”, mas uma ficha de avaliação realizada com o auxílio do computador pode ser muito mais que isso.
O primeiro aspecto a considerar é que estas fichas podem ter uma grande diversidade de exercícios, desde a correspondência ou associação de frases/termos, as questões de verdadeiro e falso, as legendas de figuras, bem como as mais conhecidas questões de escolha única ou escolha múltipla.
A segunda particularidade a considerar é o facto desta proposta de ficha de avaliação integrada englobar um 2 em 1: a ficha de avaliação integrada consta de uma parte que é realizada no computador, em que o aluno obtém imediatamente a avaliação das suas respostas, e uma parte com uma ou mais questões de desenvolvimento, onde se testa o que o aluno sabe de uma forma mais sistemática, obrigando-o a organizar as suas ideias por escrito, utilizando competências na área da utilização da língua portuguesa (Ver Anexos).
Uma ficha de avaliação realizada nestes moldes tem algumas particularidades, a saber:
1) Qualquer ficha de avaliação possui um conjunto de questões de resposta mais ou menos directa, que não exigem ao aluno grande capacidade de expressão oral, pelo que a realização da ficha auto corrigível facilita a correcção deste grupo de questões sem desvirtuar o seu objectivo inicial;
2) Se o professor liberta algum tempo de correcção, pode utilizá-lo na parte de questões de desenvolvimento, criando questões mais exigentes, trabalhando desta forma competências de expressão escrita, organização de ideias e criatividade do aluno;
3) A principal barreira à realização de testes no computador a valer na avaliação é a falta de computadores, mas, utilizando uma avaliação integrada com duas partes, na mesma mesa pode estar um aluno a fazer a parte escrita e outro colega a fazer o teste electrónico, trocando posteriormente.

3. Qual a melhor ferramenta para produzir uma ficha de avaliação electrónica?

Existem diversos programas para produzir fichas de avaliação electrónicas, a maioria de distribuição gratuita. A ferramenta Hot Potatos é das mais conhecidas pela sua versatilidade, embora limite um pouco a composição de testes com diferentes tipos de questões. Outra ferramenta interessante é o QuizFaber que, para além da simplicidade de utilização, permite uma composição com diferentes tipos de questões muito fácil.
O professor tem que ser cada vez mais professor-investigador e, se pesquisar, de certeza que vai encontrar muitas outras ferramentas e aplicações com estas funções. Por exemplo, nos sistemas operativos linux, mais vocacionados para a educação, surge software incluído no instalação inicial para produzir questões.
Todas estas ferramentas são muito interessantes, mas apresentam à partida uma barreira de utilização para muitos professores: 1) é necessário perceber um pouco de FTP e redes para publicar estes testes na Internet; 2) os resultados para serem armazenados necessitam de configurações no servidor; 3) as comunidades de partilha de recursos estão distantes geograficamente e não falam português.
A vulgarização da plataforma moodle em Portugal poderá responder a estas dificuldades. A utilização da actividade mini-teste permite a criação de fichas de avaliação com diferentes tipos de questões com a grande vantagem de ser tudo feito online, pelo que a ficha de avaliação fica automaticamente publicada na Internet (em data e hora definidas pelo professor com acesso livre ou restringido) e os resultados são automaticamente guardados (para além da avaliação é guardada a hora de início e fim e as respostas em cada resolução para consulta posterior).

4. Prós e contras da avaliação electrónica (utilizando o moodle)
O quadro I procura resumir algumas das vantagens e desvantagens das fichas de avaliação realizadas no computador utilizando a ferramenta online moodle para criar e aplicar as fichas.

Quadro I -Principais vantagens e desvantagens das fichas de avaliação electrónicas do moodle na perspectiva do professor e do aluno.

5. Alguns mitos sobre a avaliação electrónica

5.1 As fichas de avaliação “de cruzes” são mais fáceis
Para avaliar esta afirmação, foram aplicadas fichas de avaliação integradas/mistas a duas turmas, uma de 8º e outra de 9º ano de escolaridade. A ficha possuía uma parte de teste electrónico a valer 70% e uma segunda parte que envolvia uma composição (orientada por termos a utilizar) a valer 30% - questão de desenvolvimento.
Quando se compararam estatisticamente os resultados da ficha de avaliação integrada/mista com a média das notas das três últimas fichas de avaliação, concluiu-se que, no caso do nono ano, os resultados são estatisticamente semelhantes para um intervalo de confiança de 95% (p=0,208). No entanto, no oitavo ano, os resultados na ficha de avaliação integrada/mista foram estatisticamente superiores aos obtidos nas três últimas fichas de avaliação (p=0,012) (ver anexos – Tabela I).
Considerando apenas os resultados obtidos na ficha de avaliação integrada/mista, os resultados na parte realizada no computador são estatisticamente superiores às notas obtidas na questão de desenvolvimento (p<0,02)>
5.2 As escolas não possuem computadores suficientes/ não há condições para aplicar testes nos computadores
A verdade é que este já não é um factor limitante se considerarmos a modalidade proposta. Se a ficha de avaliação for integrada (mista), na mesma mesa pode estar um aluno a resolver as questões de desenvolvimento e outro aluno a realizar a ficha de avaliação electrónica num computador, tendo o professor o cuidado de recolher a folha de respostas e colocando-os numa orientação que dificulte a visualização mútua.
Todas as escolas possuem salas TIC devidamente instaladas que devem ser utilizadas por todos os alunos e não só para na disciplina TIC de 9º ano. Estas salas tinham uma dimensão mínima, pelo que são sempre salas de tamanho razoável. Caso seja possível, esta é a opção mais simples em termos logísticos.
Se a sala for demasiado pequena, há sempre a opção dos computadores portáteis que a maioria das escolas receberam. São 14 computadores o que permite a realização do teste com turmas até 28 alunos. Esta opção obriga a dois cuidados: 1) é necessário algum tempo para montar e ligar todos os portáteis, bem como depois desligar e arrumar; 2) a sala tem que ter boas condições de acesso à Internet.
Mesmo que estas duas soluções pareçam demasiado complexas, há sempre a alternativa de desdobrar a turma, pedindo ao coordenador TIC, ao coordenador do projecto CRIE ou aos professores que se encontram disponíveis para substituição para acompanharem uma das metades da turma na sala TIC ou na sala de aula durante a realização da ficha de avaliação.

5.3 Este tipo de ficha de avaliação dá mais trabalho ao professor

Este aspecto é sempre discutível, por isso, vamos estabelecer um paralelismo, comparando a aplicação desta tecnologia com os acetatos.
Quando surgiram os acetatos foi necessário investir em retroprojectores, o professor teve que dispender tempo a prepará-los, tinha que requisitar o projector,etc… Mas, apesar deste dispêndio de energia, o balanço foi positivo:
1) maior qualidade - o professor conseguia abordar mais conteúdos numa aula e os alunos podiam até ver imagens sem serem desenhadas no quadro;
2) reutilização - os acetatos podiam ser reutilizados em anos seguintes (o quadro e giz apagam-se, o acetato não…);
3) massificação - mais tarde, esta tecnologia vulgarizou-se e as próprias editoras passaram a fornecer acetatos pré-feitos.
É obvio que o professor terá de dispender algum tempo até conseguir “brincar” com estas ferramentas para criar testes auto corrigíveis mas, tal como aconteceu com os acetatos, o balanço também será positivo, senão vejamos:
1) maior qualidade - as fichas auto corrigíveis podem ter imagens a cores, podem ser realizadas com maior frequência (avaliação mais frequente é mais formativa) e podem englobar um volume maior de conhecimentos (e até competências normalmente pouco testadas- por exemplo a pesquisa de informação na internet);
2) reutilização - depois de o professor criar um banco de dados de questões, pode facilmente fazer vários testes diferentes ou até partilhar questões com outros professores (neste campo pode até definir-se um acesso limitado às questões, em que o aluno/encarregado de educação visualiza o teste respondido sem poder imprimir, nem copiar as questões);
3) massificação - quanto mais se vulgarizar a tecnologia, mais fácil será aplicar nas escolas as fichas de avaliação electrónicas e mais recursos pré-feitos haverá disponíveis (note-se o fenómeno de massificação da utilização da plataforma moodle no nosso país).

5.4 Os alunos copiam facilmente
Tal como num teste normal, há sempre a possibilidade dos resultados serem viciados. O facto dos alunos possuírem o monitor à sua frente pode facilitar a troca de palavras entre alunos ou a consulta das designadas “cábulas”.
A verdade é que, em termos do teste no computador, a ordem dos itens de resposta é baralhada aleatoriamente cada vez que o teste é descarregado, pelo que dificulta a cópia, sobretudo se as diferentes opções tiverem extensão semelhante e se houver uma distância mínima entre os alunos e entre os monitores dos computadores.
Um factor muito importante a considerar neste aspecto é a extensão da ficha de avaliação(por exemplo o mesmo teste de 17 questões foi respondido em oito minutos por alguns alunos e em trinta minutos por outros). Apesar de depender muito dos alunos, se a ficha for demasiado curta, pode suscitar mais problemas após a sua realização.

5.5 Alguns alunos resolvem o teste demasiado rápido e não respondem com atenção
Este é um fenómeno que se verifica, sobretudo, em alunos mais novos e nas primeiras fichas realizadas desta forma. Muitos alunos ficam ansiosos com o facto da ficha ser realizada no computador e respondem demasiado rápido. Este “problema” pode ser resolvido de várias formas.
A situação ideal seria os alunos fazerem uma ficha de revisões formalmente semelhante à ficha de avaliação para se ambientarem ao sistema (por exemplo, no mesmo período, para a primeira ficha de avaliação, utilizar a ficha no computador como revisões e, na segunda ficha do período, aplicar uma avaliação integrada/mista).
Outra hipótese de solução, embora mais polémica, é permitir ao aluno realizar duas tentativas de resposta à ficha de avaliação. Neste caso, por uma questão de justiça, deve-se ter o cuidado de “esconder” a avaliação final (pois se o aluno recebe o feedback das questões que errou, facilmente as corrige). Também se deve escolher como método de avaliação a média das tentativas de resolver a ficha, tornando o resultado mais equitativo e comparável.

5.5 Os alunos podem ter acesso à ficha de avaliação com antecedência
Há vários mecanismos que impedem o acesso à ficha de avaliação antes do professor dar ordem. Por exemplo pode definir-se uma palavra-passe, impedindo qualquer aluno de iniciar ou ver o teste. Para além disso, a ficha pode estar configurada para “abrir” apenas a determinada hora e dia.
No que diz respeito ao acesso à prova, o aluno, no final da mesma ou em qualquer altura, pode visualizá-la. Mas o professor pode definir que o aluno consulte e reveja apenas durante algum tempo, ficando a ficha de avaliação indisponível posteriormente, permitindo a sua reutilização em anos seguintes (a realização de testes em janela segura impede a sua impressão).

6. Notas finais

Penso que este é um pequeno contributo para encarar as fichas de avaliação electrónicas como uma alternativa viável às fichas de avaliação apenas escritas nas escolas portuguesas. Apesar de todas as condicionantes técnicas de aplicação e o tempo que será necessário despender para aderir a esta tecnologia, as vantagens superam as desvantagens, sobretudo quando pensamos no valor formativo e na capacidade de testar um maior volume de conhecimentos/capacidades, “poupando” uma aula de correcção.
Finalmente, fica a ideia que é preciso desmistificar a utilização de fichas electrónicas, aceitando-as de uma forma séria, começando, desde já, a incluí-las na nossa prática docente.
A proposta de utilização de um modelo integrado ou misto de ficha de avaliação visa resolver a falta de recursos, mas também contribui para a equidade e combate à possível tendência inflacionista das avaliações somente electrónicas.
Em termos de investigação, ficam abertas muitas questões: Como incluir as fichas de avaliação integradas/mistas nos critérios de avaliação? Qual o melhor modelo de integração destas fichas de avaliação com a planificação anual? Podem substituir-se totalmente as fichas de avaliação escritas? É possível utilizá-las em todas as disciplinas?

7. Bibliografia
Case, S. & Swanson, D (1996). Constructing Written Test Questions For the Basic and Clinical Sciences Philadelphia: National Board of Medical Examiners 181 pp.

7.1 Webgrafia:
Manual de instruções do Moodle (acedido em Março de 2007) www.moodle.org.
Intruções para elaborar questões de escolha múltipla (acedido em Abril 2005) www.gave.pt.
(1)Professor da Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos de Vizela (luisbarata@prof2000.pt)